quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Política de drogas: Doritos ou fuzil? (Autor: Danillo Ferreira em agosto 22, 2013)


Autor: Danillo Ferreira em agosto 22, 2013

Algumas vezes percebo que nós, policiais, somos inseridos em uma atmosfera de moralismo que chega a superar a expectativa dos mais conservadores setores da sociedade. Em certos casos, assumimos o discurso daqueles que tanto criticamos, mas contra os quais só conseguimos nos opor quando os ataques são direcionados declaradamente aos próprios policiais. É difícil entender (ou não) como conseguimos ser tão lúcidos e racionais na defesa de questões progressistas que dizem respeito às nossas carreiras, valorização profissional etc, ao tempo em que somos reacionários em questões que nos tangenciam de modo menos explícito.

Vejo um policial ser extremamente engajado na projeção de um novo modelo de polícia para o Brasil, mas não consegue perceber, por exemplo, o quanto é cristalina a hipocrisia vigente no campo da política de drogas no país. Num contexto em que milhares morrem com a liberalidade não regulada do álcool e outros milhares morrem com a repressão bélica às demais drogas, há quem consiga afirmar que está tudo em ordem, e que precisamos de mais armas e mais repressão à produção, consumo e comercialização das drogas hoje ilícitas.

Será que o mecanismo cognitivo que nos garante tanta racionalidade em algumas áreas não pode ser utilizado na análise de outras questões? E olha que, na questão das drogas, temos um efeito diretamente nocivo aos policiais: o aumento de confrontos e consequente morte de companheiros. É por acreditar que isto é possível que permanecemos discutindo o tema aqui. Vejam a foto abaixo:

Policiais distribuem Doritos em festa da Maconha

Este policial sorridente atuava na “Hempfest”, em Seattle, EUA, uma festa caracterizada pelo uso de maconha – que teve a posse legalizada no estado. O que ele fazia ali? Entregava salgadinhos (Doritos) com uma tarjeta dizendo o seguinte: “Não dirija depois de fumar” , “Não forneça o cigarro à menores de 21 anos” e “É permitido escutar Dark Side of The Moon em um volume razoável”. Sim, a polícia fez uma campanha conscientizadora para os consumidores da erva, visando evitar possíveis danos causados pelo consumo. Por aqui, o filme Tropa de Elite nos dá ideia do contexto que criamos para tratar o consumo:

Modificar a política de drogas no Brasil é essencial para poupar a energia que as polícias poderiam utilizar para questões essencialmente policiais.


PS: Me tornei Porta Voz da Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) no Brasil. Convido a todos os colegas policiais a visitarem a página da LEAP (www.leapbrasil.com.br) e lerem sobre a causa da legalização da produção, do consumo e da comercialização das drogas. Ninguém mais que nós, policiais, entendemos do assunto.

fonte: fonte:http://abordagempolicial.com

A “guerra às drogas” no Rio e a ONU: Autor: Jorge da Silva em novembro 12, 2013


Operação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Foto: Cecília Oliveira

Autor: Jorge da Silva em novembro 12, 2013

Tiroteios na Rocinha e em outros “complexos” de favelas, “comunidade” fortemente policiada. Guerra entre facções, e entre estas e a polícia. Mortes e medo também no “asfalto”. Esforço sobre-humano da polícia. Para quê? Que guerra é essa?

Em 1998, os países reunidos na 20ª Reunião Especial da ONU assumiram o compromisso de se empenhar para chegar a um “mundo sem drogas em dez anos”, sob o mote: “A drug free world, we can do it”. Dez anos depois, a Comissão sobre Drogas Narcóticas da mesma ONU, reunida em 2009 para aferir os resultados, concluiu: “Os Estados Membros não ficaram satisfeitos com os resultados e declararam que continuam fortemente preocupados com a crescente ameaça colocada pelo problema mundial das drogas. A decisão tomada foi continuar o esforço por mais uma década”. Ué! Se reconheceram o fiasco, por que mais dez anos? E por que não oito, ou onze? Ou cinco?

Eles sabem que um mundo sem drogas é redonda utopia; que a decisão de manter a “guerra às drogas”, deflagrada por Nixon e Reagan, atende a outros inconfessáveis interesses. Na verdade, em todos esses anos, a proibição penal só fez o consumo e o tráfico aumentarem; e os traficantes (os de cima e os de baixo) enriquecerem a olhos vistos e se tornarem mais poderosos; e a indústria bélica comemorar, a cada ano, crescentes recordes de vendas de armas e munição.

Bem, estamos caminhando para 2014. Nos países periféricos, como é o caso do Brasil, a matança de nacionais continua (de policiais, traficantes, supostos traficantes e pessoas que nada têm a ver com a “guerra”, vítimas de balas perdidas). Pergunte-se: e quando chegar 2019, será que a ONU vai endossar o pedido de esforço por mais dez anos de “guerra”, até 2029? A quem interessa isso? E ainda dizem que a ONU é o principal bastião de defesa dos Direitos Humanos…

fonte:http://abordagempolicial.com/2013/11/a-guerra-as-drogas-no-rio-e-a-onu/

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O RATO E A RATOEIRA


Preocupadíssimo, o rato viu que o dono da fazenda havia comprado uma ratoeira: estava decidido a matá-lo. Começou a alertar todos os outros animais: “Cuidadeo com a ratoeira ! Cuidado com a ratoeira!”. A galinha ouvindo os gritos, pediu que ficasse calado: “ Meu caro rato, sabe que isso é um problema seu, não me afetará de maneira nenhuma, portanto, não faça tanto escândalo”! O rato foi conversar com o porco, que se sentiu incomodado por ter seu sono interrompido:” Há uma ratoeira na casa!”. “ Entendo sua preocupação, e estou solidário a você”, respondeu o porco, “mas garanto que você estará presente nas minhas preces esta noite , não posso fazer mais nada além disso”. Mais solitário que nunca, o rato foi pedir ajuda à vaca: “ Meu caro rato, e o que eu tenho a ver com isso? Você já viu alguma vaca ser morta por uma ratoeira?”... Vendo que não conseguia solidariedade de ninguém, o rato voltou até a casa do fazendeiro, escondeu-se num buraco e passou a noite inteira aordado com medo que acontecesse uma tragédia. Durante a madrugada ouviu-se um barulho, a ratoeira acabava de pegar alguma coisa! A mulher do fazendeiro desceu para ver se o rato tinha sido morto , com o escuro não percebeu que a armadilha tinha prendido apenas a cauda de uma serpente venenosa, quando se aproximou foi mordida. O fazendeiro, escutando os gritos da mulher, levou imediatamente ao hospital, ela foi tratada como devia, e voltou para casa. Mas continuava com febre, sabendo que não existe melhor remédio para os doentes que uma boa canja, o fazendeiro matou a galinha. A mulher começou a se recuperar, como os dois eram muitos queridos na região, os vizinhos vieram visitá-la, e para agradecer a visita, o fazendeiro matou o porco para servir as pessoas. Finalmente, a mulher se recuperou, mas os custos ficaram altos, foi preciso o fazendeiro vender a vaca para um matadouro e usar o dinheiro da venda dda carne do bovino para pagar as despesas. O rato assistiu aquilo tudo, sempre pensando:” Bem que eu avisei. Não teria sido bem melhor se a galinha, o porco e a vaca tivessem entendido que o problema de um de nós colocava todo mundo em risco?” Essa história do rato e da ratoeira serve justamente para algumas pessoas de nossa sociedade, que não se incomoda com nada. Algumas pessoas sempre acham que os problemas não são delas, cada um que se vire e o povo que se dane. Agora, reflita! Será que não temos nada a ver com o problema do outro?!"
fonte: Caçadores de Bons Exemplos

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mais um Maravilhoso Exemplo- Caçadores de Bons Exemplos:


Caçadores de Bons Exemplos SIM. Precisamos e Aceitamos a ajuda de vocês! Ontem (15.09.2013) foi um dia de muita reflexão em nossa vida. Milhares de mensagens de ajuda e carinho chegando pelo Facebook, pelo email e pelo celular. Nos emocionamos, nos questionamos, choramos e refletimos muito! Enfim…chegamos as seguintes conclusões:... 1 - Não podemos abrir uma conta bancária para aceitar o dinheiro. Nossa justificativa é: Com tantas pessoas e bons exemplos que encontramos pelo caminho precisando de ajuda para alimentar bebês, para pagar educadores para crianças e jovens, pagar fisioterapeutas para idosos, psicólogos para dependentes químicos e tantas outras necessidades que ainda existem…Não podemos aceitar dinheiro para nós. Como iremos abrir uma conta para receber dinheiro por um trabalho que ilumina tanto a nossa vida? Não podemos! Não é justo! Nós, prometemos para todos vocês, que iremos continuar nossa expedição de qualquer jeito! Com ou sem patrocínio, seguiremos trazendo diariamente de cada canto deste nosso lindo país vários Bons Exemplos para inspirar e motivar à todos nós! 2 - Precisamos de ajuda SIM e, aceitaremos doações de "amor"! Lembramos que no início de nossa expedição, conhecemos em SP, a história de uma educadora que, estava no sinal de trânsito e uma criança à abordou lhe perguntando: "O que você tem para me dar?" A educadora colocou imediatamente a mão no bolso para retirar algum dinheiro, mas de repente ela olhou para a criança e pensou: "Eu não posso dar este dinheiro para ela! Ela me perguntou o que eu tinha para dar e sou educadora. O que eu tenho para dar é a educação para esta criança!" Assim nasceu uma das maiores instituições de SP que hoje atende milhares de crianças em um bairro carente. Baseados nesta lição de vida, perguntamos: "E você? O que tem para nos dar?" Se você é um designer, precisamos de sua ajuda para fazer artes para a página no Facebook; Se você é um empresário de uma distribuidora de combustível, precisamos de sua ajuda com o combustível para seguirmos viagem; Se você é um jornalista, precisamos de sua ajuda para fazer os textos dos projetos visitados; Se você é um empresário e tem uma concessionária de veículos, pode nos emprestar um carro. No final da expedição te devolveremos e se você quiser, poderá fazer um leilão deste veículo e doar para uma instituição de sua cidade; Se você é um empresário e tem uma gráfica, poderá fazer livros com nosso conteúdo para distribuirmos gratuitamente nas escolas públicas; Se você trabalha em uma agência de publicidade ou marketing, precisamos de sua ajuda para divulgar os Caçadores e os Bons Exemplos do Brasil; Se você é um empresário da rede hoteleira, ficaremos muito felizes em sermos acolhidos em sua cidade; Se você é um empresário de telefonia móvel, precisamos de uma linha telefônica com pacote de dados; Se você é webdesigner, precisamos de sua ajuda para atualizar nosso site; Se você é um empresário da comunicação, precisamos de sua ajuda para divulgar os bons exemplos em TV, Rádio, Revista e Jornal Impresso; Se você é um empresário que tenha Tickets de Alimentação em sua empresa, precisamos de sua ajuda para nos alimentar; Se você trabalha em uma produtora de vídeos, precisamos de sua ajuda para fazermos um canal no Youtube com as histórias dos bons exemplos; Enfim…não nos sentiremos bem aceitando seu dinheiro, mas aceitaremos o que você tem de melhor na vida: seu trabalho e seu carinho! 3 - Se você não se encaixa em nenhum destes casos, precisamos de sua ajuda para divulgar o bem em sua rede de relacionamento: Curta, compartilhe e divulgue nossas redes sociais. Por isso queremos pedir o seguinte: Vamos juntos iniciar um movimento chamado "Caçadores de Bons Exemplos"? Todas as pessoas que se prontificaram em depositar algum valor em nossa conta, nós pedimos que entregue esta mesma quantidade para alguma entidade em sua cidade. Assim, você estará se tornando um "Caçador de Bom Exemplo" e ajudará o próximo que está próximo de você. Fotografe e mande a foto para nós de presente. Vamos fazer um grande "MOVIMENTO dos Caçadores de Bons Exemplos". Se um casal encontrou 725 projetos em 2 anos e 9 meses. Pensem no que podemos fazer juntos? Esta será a contribuição que estarão dando para nós: Um lindo e genuíno ato de amor! Vamos fazer um grande mural com todas estas fotos de vocês, os novos Caçadores, com os bons exemplos encontrados e ajudados por vocês. E, vamos mostrar para todo o mundo que OS BONS REALMENTE SÃO A MAIORIA. Hoje somos mais de 21.000 pessoas conectadas, aqui nesta página do Facebook. Precisamos de 2013 voluntários. Quem se candidata em nos ajudar? fonte: pg caçadores de bons exemplos no facebook.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Que diacho! Eu gostava do meu cusco..


Que diacho! Eu gostava do meu cusco.. 
Entendo. Envelheci entendendo. 
Bicho não tem alma, eu sei bem, mas será que vivente tem? 
 Que diacho! Eu gostava do meu cusco. 
Era uma guaipeca amarelo, baixinho, de perna torta, que me seguiu num domingo, de volta de umas carreira. 
 Eu andava abichornado, bebendo mais que o costume, essas coisa de rabicho, de ciúme, vocês me entendem? 
Ele entendeu. 
 Passei o dia bebendo e ele ali no costado me olhando de atravessado, esperando por comida. 
 Nesse tempo era magrinho que aparecia as costela. 
Depois pegou mais estado mas nunca foi de engordá. 
 Quando veio meu guisado, dei quase tudo prá ele. 
Um pouco, por pena dele, e outro, que nesse dia, só bebida eu engolia por causa dos pensamento. 
 Já pela entrada do sol, ainda pensando na moça e nas miséria da vida, toquei de volta prás casa e vi que o cusco magrinho vinha troteando pertinho, com um jeito encabulado Volta prá casa, guaipeca! 
Ralhei e ralhei com ele. 
Parava um pouco, fugia, farejava qualquer coisa, depois voltava prá mim. 
O capataz não gostou, na estância só tinha galgo, mas o guaipeca ficou. 
 Botei-lhe o nome de sorro, as crianças, de brinquinho, mas o nome que pegou foi de guaipeca amarelo. 
 Mas nome não é o que importa. 
Bicho não tem alma, eu sei bem. 
Mas será que vivente tem? Ficou seis anos na estância. 
Lidava com gado e ovelha sempre atento e voluntário. 
Se um boi ganhava no mato, o guaipeca só voltava depois de tirá prá fora. 
 E nunca mordeu ninguém! 
Nem as índia da cozinha que inticava com ele. 
Nem ovelha, nem galinha, nem quero-quero, avestruz. 
Com lagarto, era o primeiro e mesmo pequininho corria mais do que um pardo. 
 E tudo ia tão bem... 
Até que um dia azarado o patrãozinho noivou e trouxe a noiva prá estância. 
 Era no mês de janeiro, os patrão tava na praia, e veio um mundo de gente, tudo em roupa diferente, até colar, home usava, e as moça meio pelada, sem sê na hora do banho, imagino lá no arroio, o retoço da moçada. 
 Mas bueno, sou d'outro tempo, das trança e saia rodada, até aí não tem nada, que a gente respeita os branco, olha e finge que não vê. O pior foi o meu cusco, que não entendeu, por bicho, a distância que separa um guaipeca de peão da cachorrinha mimosa da noiva do meu patrão. 
 Era quase de brinquedo a cachorrinha da moça. 
Baixinha, reboladera, pêlo comprido e tratado, andava só na coleira e tinha medo de tudo, por qualquer coisa acoava. 
 Meu cusco perdeu o entono quando viu a cachorrinha. 
E lhes juro que a bichinha também gostou do meu baio. 
Mas namoro, só de longe que a cusca era mais cuidada que touro de exposição. 
 Mas numa noite de lua, foi mais forte a natureza. 
A cadela tava alçada e o guaipeca atrás dela entrou por uma janela e foi uma gritaria quando encontraram os dois. 
 Achei graça na aventura, até que chegou o mocito, o filho do meu patrão, e disse prá o Vitalício que tinha fama de ruim: Benefecia o guaipeca prá que respeite as família! 
Parecia até uma filha que o cusco tinha abusado. Perdão, lhe disse, o coitado não entende dessas coisa. 
Deixe qu'eu leve prá o posto do fundo, com meu compadre, depois que passá o verão. 
Capa o cusco, Vitalício! E tu, pega os teus pertence e vai buscá o teu cavalo. 
 Me deu uma raiva por dentro de sê assim despachado por um piazito mijado e ainda usando colar.
 Mas prometi aqui prá dentro: mesmo filho do patrão, no meu cusco ninguém toca. 
Pego ele, vou m'embora e acabou-se a função. 
 Que diacho! Eu gostava do meu cusco. 
Bicho não tem alma, eu sei bem. Mas será que vivente tem? Campiei ele no galpão, nos brete, pelas mangueira e nada do desgraçado. 
No fim, já meio cansado, peguei o ruano velho e fui buscá o meu cavalo. 
 Com o tordilho por diante, vinha pensando na vida. Posso entrá numa comparsa, mesmo no fim das esquila. 
Depois ajeito os apero e busco colocação, nem que seja de caseiro, se nã me ajustam de peão. 
E levo o cusco comigo pois foi o único amigo que nunca negou a mão. 
 Nisso, ouvi a gritaria e os ganido do meu cusco que era um grito de susto, de medo, um grito de horror. 
Toquei a espora no ruano mas era tarde demais. 
Tinham feito a judiaria e o pobrezinho sangrava, sangrava de fazê poça e já chorava fraquinho. 
 Peguei o cusco no colo e apertei o coração. 
O sangue tava fugindo, não tinha mais esperança. 
O cusco foi se finando e os meus olho chorando, chorando que nem criança. 
 Que diacho! Eu gostava do meu cusco. Bicho não tem alma, eu sei bem. 
Mas será que vivente tem? Nessa hora desgraçada o tal mocito voltou prá sabê pelo serviço. 
Botei o cusco no chão, passei a mão no facão e dei uns grito com ele, com ele e com o Vitalício! 
 Ele puxô do revólver mas tava perto demais. 
Antes que a bala saísse, cortei ele prá matá. 
Foi assim, bem direitinho. Eu não tô aqui prá menti. 
É verdade qu'eu fugi mas depois me apresentei. 
Me julgaram e condenaram mas o pior que assassino, foi dizerem que o motivo era pouco prá o que fiz... 
 Que diacho! Eu gostava do meu cusco. 
Bicho não tem alma, eu sei bem. Mas será que vivente tem? 

fonte: http://www.vagalume.com.br cantor: Odilon Ramos Compositor: Alcy Cheuiche

quarta-feira, 26 de junho de 2013

24 conselhos ao jovem juiz jejuno


1 – NÃO EXISTE PROCESSO DIFÍCIL; EXISTE PROCESSO MAL LIDO. Assim, se vc está encontrando dificuldades, não consegue achar a solução, compreender a causa ou vislumbrar uma solução: pare, respire, faça outro processo, e depois volte ao processo “difícil”. Releia com calma e verá que, dentro dele, havia uma solução – seja processual (no mais das vezes), seja de ordem material (algum documento, um depoimento, uma contradição).

2 – OS PROCESSOS SÃO COMO COBRAS: AS GRANDES DÃO MEDO, MAS SURUCUCU NÃO TEM VENENO PODEROSO. JÁ AS PEQUENAS, COMO AS CORAIS, MATAM. Logo, não tenha medo de processos volumosos: no mais das vezes, é tudo “barulho de folha”, ou seja, são páginas e páginas inúteis, com documentos repetidos ou sem necessidade. Já os pequenos podem ser cruéis: trazem rapidamente a tese, a antítese e pedem sua síntese.

3 – MAGISTRATURA É MEIO DE VIDA, NÃO É MEIO DE MORTE. Assim, nunca deixe de descansar, seja assistindo TV, lendo um livro não-jurídico, jogando videogame, praticando esporte (ou alguma dança) ou fazendo algo mais gostosinho, mas impublicável aqui.

4 – EM DIREITO, TUDO DEPENDE. Não adianta firmar posições, ser inflexível ou acatar apenas uma doutrina. A Vida é dinâmica, e a solução de um caso nem sempre se adequa ao caso semelhante. Isso é equidade e para isso vc, juiz, existe. Por isso, não tema reconsiderar, retratar-se ou, em audiência, chamar “conclusos” para verificar melhor a solução do caso.

5 – PROCESSO É INSTRUMENTO, não é fim em si mesmo. A menos que o erro seja escancarado, criador de uma estrovenga jurídica, busque solucionar o caso por meio das regras de direito material e probatório. Meio adequado é como roupa: às vezes dá para ajustar num corpo imperfeito.

6 – A JUSTIÇA É MAIS IMPORTANTE QUE A COMPAIXÃO. Toda vez que você se compadece e age por dó, você acaba fazendo justiça com o chapéu alheio, isto é, fazendo caridade com o direito da outra parte.

7 – NÃO SEJA MELINDROSO. Quem faz Justiça não deve ter melindres e arroubos de vaidade. Todo mundo tem seu espaço ao Sol, e o tempo de eventual reconhecimento nunca é agora. Só dá para analisar um pintor depois do quadro pintado; um escritor, depois do livro escrito. Um Juiz, depois de concluída a carreira.

8 – TRATE BEM A TODOS: partes, advogados, auxiliares do Juízo, servidores, defensores públicos, promotores de Justiça e os demais colegas. Gentileza gera gentileza, já foi dito.

9 – NÃO SE PREOCUPE EM DEMASIA EM NÃO TER ALGUNS PROCESSOS ATRASADOS NA PLANILHA, pois muitas vezes isso significa apenas que você é cauteloso, estudioso e age com zelo. A dicotomia qualidade x quantidade persistirá eternamente, cabendo a você manter um bom ritmo, que propicie leitura acurada dos autos e o estudo do caso. Isso, contudo, não significa displicência: tente zerar, sem prejuízo da Justiça – que é o que importa.

10 – OLHE PARA AS PESSOAS. A alteridade nos impele a tentar entender as razões do outro, fazendo com que nos coloquemos na pele alheia. Ninguém é julgado pelo que é, mas sim pelo que fez ou faz. Olhar, ver e enxergar são três passos fundamentais ao Juiz.

Por Bruno Machado Miano, Juiz de Direito em Mogi das Cruzes; Surrupiado do Judex, Postado em 14 de outubro de 2012 // Curiosidades, Direito

fonte:http://www.diariodeumjuiz.com.br/?cat=2

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Redescobrir. Composição: Luiz Gonzaga Jr.


Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia

Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia

Pelo simples ato de um mergulho ao desconhecido mundo que é o coração.
Alcançar aquele universo que sempre se quis e que se pôs tão longe na imaginação.

Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia

Não tenha medo, meu menino povo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O VESTIDO AZUL


Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.
Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas.
O professor ficou penalizado com a situação da menina.
"Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?".
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola.
Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim".
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que
seriam necessários ao bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.

Obs: Poderia ser um vestido amarelo, ou vermelho como do capuchinho vermelho, mas é azul, porque o azul é a cor internacional de polícia, é o símbolo da justiça, da verdade, da lealdade, da serenidade e da caridade. De acordo com a heráldica quem tem a cor azul em suas armas é obrigado a socorrer os necessitados.
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele apenas fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
Quem já viu o filme "A corrente do bem", sabe como é poderoso esse primeiro movimento.
Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive?
Por acaso somos daqueles que somente apontamos os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência que só faz aumentar?
Lembre-se que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.

fonte: Manual de Segurança Comunitária PMPR

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Rio Grande de São Pedro da Vacaria Del Mar ao Celeiro do País, por : Denise Machado Moraes


O Rio Grande do Sul foi aderido tardiamente pelo restante do país, pois em primeiro momento não se enquadrava no sistema de exploração colonial baseado em produção agrícola e mineração. O Estado foi descoberto por volta do século XVI, por meio de expedições e exploração do comércio do Pau Brasil. Recebendo o nome de Rio Grande de São Pedro.

As primeiras iniciativas de colonização do estado se deram em meados de 1605 através dos Jesuítas Portugueses, não obtendo sucesso. Mais tarde os jesuítas espanhóis criaram “Reduções” dedicadas à agricultura, mas acabaram  sendo banidos por volta de 1640 com a penetração dos Bandeirantes que buscavam capturar mão de obra indígena. Os jesuítas evadiram-se para outra margem do Rio Uruguai levando consigo os índios restantes, deixando para trás rebanhos de gado soltos no Pampa.

Esse gado reproduziu-se formando uma imensa reserva conhecida como “Vacaria del Mar”, desse modo surgiu o fundamento econômico básico de apropriação da terra Gaúcha, a preá do gado xucro.
Em torno de 1680 os Portugueses sabendo da “Vacaria del Mar”  passaram a caçar o gado xucro com o objetivo de extrair o couro e exportá-lo a Europa.

A expansão Rumo ao Sul dos Sete Povos Das Missões
A tendência predatória do gado não passou despercebida aos padres jesuítas da Companhia de Jesus, que a partir de 1682 haviam começado a retornar ao estado fundando os Sete Povos das Missões. Alem da atividade de prear o gado os padres passaram a criá-lo nas reduções. Afora a extração do couro os Sete Povos tinham sua base econômica na produção de erva mate.
Os sete Povos tornaram-se importantes centros econômicos com atividades de fiação, tecelagem, metalurgia, ofícios variados e trabalhos artísticos com destaque da arquitetura e escultura.
Desse modo as Reduções tornaram-se unidades econômicas desenvolvidas, praticamente autônomas, passando a ser vistas como ameaça pelas monarquias Ibéricas, resultando em sua expulsão da América e confisco de suas propriedades.
Expansão Rumo ao Sul, economia subsidiaria
Com a decadência da cana de açúcar e descoberta das minas na zona das gerais, ao fim do século  XVII, houve a valorização do rebanho de gado no Sul do país, onde o Rio Grande fornecia o alimento (charque) após operários das minas de ouro, conectando assim o Rio Grande a zona mineradora.
Com o charque rio-grandense produzindo riqueza surge a figura do escravo negro no estado como mão de obra das charqueadas.
Dos anos 1780 a 1801 ocorreu uma nova política de distribuição de terras com o intuito de assegurar a posse da área.
A Província de São Pedro
Em 1835 teve inicio a Revolução Farroupilha que desafiou o governo colonial por dez anos, pela qual se proclamou a Republica rio-grandense em 1838, tendo como líder Bento Gonçalves. O movimento se justificou pela exploração econômica do Rio Grande do sul pelo governo central, o qual cobrava altas taxas sobre o charque.
Os revolucionários almejavam dependência política, mantendo, contudo a continuidade do fornecimento de charque para o restante do país
Em 1945 o movimento chegou ao fim com a assinatura do tratado da paz de Ponche Verde, O Qual previa elevação das taxas ao charque importado, e o direito a escolha do presidente da Província, alem dos Farrapos possuírem o direito de passar para o exército brasileiro com as mesmas patentes com que lutavam nas forças rebeldes.

A economia colonial imigrante
No séc. XIX com a expansão do capitalismo na Europa houve a geração de mão de obra excedente, desta forma firmaram-se acordos, onde os países europeus enviavam mão de obra a países em desenvolvimento, com grandes áreas de terras a serem cultivas e com escassez de mão de obra, causada pelo fim da escravidão.
Neste período esta imigração de seu em duas frentes, em:
Imigração Alemã 1824: desbravamento de áreas ainda não povoadas, estabelecendo como pequenos proprietários de terras, com mão de obra familiar e agricultura de substância. Em um segundo momento desenvolveu o comércio do excedente da produção, destacando a figura do comerciante, que lucrava com o transporte das mercadorias, venda nos grandes centros, acumulo de capital e empréstimos. Com este acumulo de capital gerado pelo comercio passou a investir também na indústria, empresas de navegação, bancos, dentre outros.
Imigração italiana 1875: encontraram maiores dificuldades, pois, as melhores terras já estavam ocupadas e receberam lotes ainda menores que os alemães. Lote este vendido a credito, e acabaram não recebendo todos os incentivos que lhe foram prometidos. Ao chegar encontraram um comercio já estruturado pelos alemães, onde não podendo competir com a venda dos mesmos produtos, acharam uma saída na produção e comercialização do vinho, com grande aceitação no centro dos pais.
A grande ascensão dos produtos coloniais dentre os artigos de exportação, colaborou para que na virada do século o Rio Grande do Sul, fosse conhecido como o celeiro do país.

Formação do Povo Gaúcho:O atual povo do Rio Grande do Sul, resultado da miscigenação ocorrida entre o índio, o negro e o europeu.
O índio que habitante nativo da terra, o negro escravo usado para trabalhar nas charqueadas, e o imigrante chegado a partir de 1824.

Dentre os povos indígenas de maior destaque na formação do estado do Rio Grande do Sul foram os: 

Caingangues: habitavam do planalto mais especificamente ao norte, do tronco cultural Jê. Caçadores, coletores e horticultores. Sobreviviam em aldeias, e construíam casas subterrâneas. Geralmente ocupavam regiões de pinheirais, pois o pinhão fazia parte de sua alimentação básica. 


Charruas e Minuanos: Também conhecidos como assim como outros povos, como Pampeanos, habitantes do pampa, nômades, resultado de continuas mestiçagem. Vinculados ao gado, se transformaram em excelentes cavaleiros, utilizavam boleadeiras e lanças. Alimentação com base na caça, pesca e coleta. Suas habitações se apresentavam de formas variadas, de acordo com o terreno.
Guaranis: Coletores, caçadores e pescadores. Com destaque na horticultura, produção de cerâmica, possuidores de conhecimentos técnicos mais avançados na agricultura, e dominavam o plantio dos porongos e erva mate. Chegaram ao sul os Guaranis oriundos da Amazônia, através de sucessivas migrações. Ocupando planícies litorâneas e vales de rios. Eram temidos guerreiros por suas praticas de canibalismo. Apresentavam a figura do Cacique e valorizavam os Xamãs, pois segundo eles estes possuíam conhecimentos medicinais sagrados.


REFERÊNCIAS:
GOLIN, Tau : O povo do pampa: Uma história de  12 mil anos do Rio Grande do Sul  para adolescentes e outras idades. 2° Ed. Passo Fundo: UPF, 2001.
PASAVENTO, Sandra Jatahy: História do Rio Grande do sul. 9° Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002.

Autora: Denise Machado Moraes

Ando devagar porque já tive pressa…’ Por Antonio Jorge Ferreira Melo


Por Antonio Jorge Ferreira Melo– 9 de maio de 2013

Na última terça-feira (07), acordei pensando em um antigo provérbio judaico que nos confronta com uma pergunta no mínimo intrigante “O que é melhor: um cavalo rápido ou um cavalo lento?”
Em busca de respostas para essa indagação, lembrei-me dos versos de uma canção de Almir Sater e Renato Teixeira, intitulada “Tocando em Frente”, que condiz com muitos momentos que passamos na vida, nesta nossa pós-modernidade, em que temos muita, muita pressa para chegar.
Por falar em pressa, não é sem sentido que Erik Erikson, ao definir as “oito idades do Homem” – estágios pelos quais evoluímos e damos significado às nossas vidas, com cada estágio representando temas e dilemas específicos do viver – tipifica o oitavo e último estágio como o da integridade do ego versus desespero, pois, essa “é a época de recapitular, avaliar e aceitar suas vidas, para que assim possam aceitar a chegada da morte“.
Segundo Erikson, a virtude desta fase do ser humano é a sabedoria. A sabedoria de se compreender que pensar a vida de forma contrafactual, apegando-se ao que deveria ter sido feito, ou ao que poderia ter sido, em lugar de refletirmos sobre nossas conquistas e situações diversas vivenciadas ao longo dos anos, apenas nos impedirá de aceitar que a vida que cada um de nós vive e viveu é de nossa própria responsabilidade, nos distanciando do senso de coerência e integridade que nos protege do desespero, não raro, provocado pelo estar em contato mais imediato com a nossa finitude.
Como nos ensina Lia Luft, somos protagonistas e autores de nossos atos e omissões, de nossas escolhas e opções, das nossas audácias ou intimidações, nossa esperança e fraternidade ou nossa desconfiança, mas, também: “somos inocentes das fatalidades e dos acasos brutais que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideais”.
Aniversário é uma palavra de origem latina que significa “aquilo que volta todos os anos”, ou seja, aquilo que se faz ou que volta todos os anos. Assim, na esteira do pensamento da renomada escritora gaúcha, somos transição, somos processo. E isso nos perturba.
Sim, temos muita pressa para chegar. Quando estamos no ventre materno temos pressa para ver e vir à luz; na infância temos pressa para aprender; adolescentes, temos pressa para descobrir e ter autoridade sobre o mundo e quando estamos na fase adulta temos pressa para adquirir; para ter, mas, aos poucos, com o tempo, a pressa vai embora, dando lugar à calma e à vontade de ter mais tempo para realizar tudo que ainda não conseguimos no tempo que nos resta. Afinal, vez por outra, nos surpreendemos no espelho, perguntando, no melhor estilo de Mário Quintana: “quem é esse que me olha e é tão mais velho do que eu?”.
Ano a ano, o fluxo de dias, semanas e meses que serve para crescer e acumular, também, nos confronta com o perder e limitar, pois, dessa perspectiva é que nos tornaremos senhores, não servos do nosso destino, portanto, devemos resolver como empregamos e saboreamos nosso tempo, que é afinal sempre o tempo presente.
Tem razão Lia Luft, pois, “quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar”. Tem razão Almir Sater: “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz e ser feliz”. Nessa lógica, voltando ao provérbio judaico, chegamos à conclusão, nestes tempos imediatistas, que o melhor deve ser um cavalo rápido. Mas, pensando bem, o tempo me ensinou que a resposta do provérbio aponta para outro raciocínio: o de que bom mesmo é um cavalo lento, pois, se num dia a gente chega, no outro vai embora, mais do que nunca, ando devagar porque já tive pressa de chegar.

fonte:http://aqueimaroupa.com.br/2013/05/09/ando-devagar-porque-ja-tive-pressa/

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O único animal


O homem é o único animal que ri dos outros. O homem
é o único animal que passa por outro e finge que não
vê.
É o único que fala mais do que papagaio.
É o único que gosta de escargots (fora, claro, o
escargot).
É o único que acha que Deus é parecido com ele.
E é o único...
...que se veste
...que veste os outros
...que despe os outros
...que faz o que gosta escondido
...que muda de cor quando se envergonha
...que se senta e cruza as pernas
...que sabe que vai morrer
...que pensa que é eterno
...que não tem uma linguagem comum a toda espécie
...que se tosa voluntariamente
...que lucra com os ovos dos outros
...que pensa que é anfíbio e morre afogado
...que tem bichos
...que joga no bicho
...que aposta nos outros
...que compra antenas
...que se compara com os outros
O homem não é o único animal que alimenta e cuida
das suas crias, mas é o único que depois usa isso
para fazer chantagem emocional.
Não é o único que mata, mas é o único que vende a
pele.
Não é o único que mata, mas é o único que manda
matar.
E não é o único...
que voa, mas é o único que paga para isso
que constrói casa, mas é o único que precisa de
fechadura
que foge dos outros, mas é o único que chama isso
de retirada estratégia.
que trai, polui e aterroriza, mas é o único que
se justifica
que engole sapo, mas é o único que não faz isso
pelo valor nutritivo
que faz sexo, mas é o único que faz um boneco
inflamável da fêmea
que faz sexo, mas é o único que precisa de manual
de instrução.

fonte:http://www.casadobruxo.com.br

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Escola Nacional de Mediação e Conciliação formará 21 mil mediadores até 2014


Postado em 11 de novembro de 2012

Com o objetivo de facilitar o acesso à Justiça e disseminar técnicas de resolução extrajudicial de conflitos foi anunciada a criação da Escola Nacional de Mediação e Conciliação (Enam) pelo Ministério da Justiça nesta quinta-feira (8/11), durante a abertura da Semana Nacional de Conciliação, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os investimentos, até 2014, serão de cerca de R$ 4 milhões.

Durante a solenidade, realizada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o coordenador-geral da Secretaria de Reforma do Judiciário, Eduardo Dias, afirmou que a criação da Escola Nacional de Mediação e Conciliação é fundamental para mudança de paradigmas sobre acesso à Justiça. “O objetivo é difundir as técnicas de mediação e formar mediadores e conciliadores para trazer soluções mais harmônicas aos conflitos. Compartilhamos a idéia que o Poder Judiciário seja um centro de harmonização social, onde as partes possam ser ouvidas”, disse.

Segundo Dias, outro importante avanço é em relação à formação de instrutores para disseminar técnicas de resolução extrajudicial de conflitos. “Cerca de cinco anos atrás haviam cerca de cinco instrutores formados. A partir do início da Política Nacional de Mediação e Conciliação, promovida a partir da parceria entre o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Justiça, formamos 130 instrutores. Com a chegada da Enam, o objetivo é que tenhamos cerca de 400 instrutores disseminando as técnicas da mediação em todo o país até 2014”, informou.

A atuação da Enam conta com a parceria entre MJ e CNJ e ocorrerá em três eixos: capacitação de operadores de direito, membros da academia e da sociedade civil; realização de seminários e outros eventos de difusão de conhecimento e promoção de projetos e atividades de ensino e pesquisa. “A criação da Escola Nacional de Mediação e Conciliação irá colaborar para a construção de uma justiça de solução, como foco na harmonização social”, explica o secretário de Reforma do Judiciário, Flávio Caetano.

Para o presidente do STF e do CNJ, Carlos Ayres Britto, a Semana Nacional de Mediação e Conciliação representa a existência de novos tempos. “De um Poder Judiciário mais republicado, de vanguarda, mais sensível, humano e mais técnico gerencialmente e mais apto a exercer o espaço da soberania que lhe cabe, o espaço da coragem para vetar os comportamentos antijurídicos e sancionar os comportamentos retilíneos”.

O conselheiro do CNJ Neves Amorim afirmou que é necessário criar a cultura da mediação e conciliação para evitar que novos processos entrem na justiça. Assim, o juiz poderá atuar em processos que necessitem efetivamente da sua presença. “A sentença não resolve o conflito entre as pessoas. Por outro lado, podemos fazer com que saiam de mãos dadas de uma sala de mediação e conciliação”, explicou.

Escola Nacional de Mediação e Conciliação - A partir de termo de cooperação firmado recentemente entre Universidade de Brasília e Ministério da Justiça, serão oferecidos 14 cursos na modalidade ensino a distância. As aulas serão sobre técnicas de mediação, conciliação e administração de programas de mediação e poderão participar operadores do Direito – como juízes, promotores, advogados, defensores públicos –, além de agentes de mediação comunitária, professores e alunos do curso de graduação em Direito e servidores públicos. O objetivo é formar cerca de 21 mil operadores do Direito, agentes de mediação comunitária e professores de Direito até 2014. O primeiro curso terá início em maio do próximo ano e as inscrições, abertas em fevereiro de 2013.

A Enam também prevê a realização de cursos presenciais e semipresenciais. Os cursos presenciais têm foco na formação de instrutores de mediação e conciliação, que deverão replicar seus conhecimentos e ministrar pelo menos cinco cursos gratuitos para servidores do Poder Judiciário. Também serão realizados cursos presenciais para formação de mediadores e conciliadores Será dada, assim, continuidade à Política Nacional de Mediação e Conciliação, promovida a partir da parceria entre o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Justiça. Até 2014, serão formados 400 instrutores para disseminar as práticas em todos os tribunais do país.


fonte:http://blog.justica.gov.br

Escola Nacional de Mediação e Conciliação reforçará resoluções extrajudiciais de conflitos Postado em 18 de setembro de 2012



Disseminar técnicas de resolução extrajudicial de conflitos e promover o acesso à Justiça é a proposta da Escola Nacional de Mediação e Conciliação (Enam), instituição recém-criada pela Portaria 1920/2012, do Ministério de Justiça, assinada pelo ministro José Eduardo Cardozo no último dia 5/9.

Sob a coordenação da Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ), a Escola capacitará estudantes e operadores do direito, professores, agentes de mediação comunitária, servidores do Ministério da Justiça e integrantes de outros órgãos, entidades e instituições que exerçam atividades ligadas à resolução de conflitos.

Para o conselheiro José Roberto Neves Amorim, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Enam vai ajudar a discriminar as técnicas necessárias para estimular os processos mediatórios e conciliatórios..

“O que queremos é que no futuro a mediação e conciliação sejam objeto obrigátorio de estudo nas faculdades de Direito, desde o início dos cursos, para que se mude a cultura do litígio”

O conselheiro Jarbas Soares Júnior, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), considera que a Escola representará nova perspectiva de solução de conflitos e de mudança na concepção dos operadores de Direito.

O conselheiro corrobora com a opinião de que é necessário atuar nos meios de formação para alterar o quadro atual. “Não somos vocacionados na academia para a solução de conflitos nessa via (extrajudicial), o que leva à litigiosidade”, complementa.

A parceria com instituições integrantes do sistema de Justiça e o fortalecimento do diálogo entre a comunidade acadêmica, órgãos do sistema de Justiça, gestores de políticas públicas e os diversos atores envolvidos com os meios alternativos de resolução de conflitos, propiciará a realização de estudos, conferências, seminários, debates e discussões de temas relacionados.


fonte:http://blog.justica.gov.br/inicio/escola-nacional-de-mediacao-e-conciliacao-reforcara-busca-por-resolucao-extrajudicial-de-conflitos/

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A todos guerreiros!!!

Quem és tu policial?
Quem és tu policial, se não um mero escudo de segurança da sociedade, quando expõe tua vida ao perigo avassalador a todo momento.
Quem és tu, se não um acadêmico cumpridor de tua escola, onde aprendeste que a vida dos teus irmãos tem mais valor que a tua e por ela tens o dever de zelar, de dar tua vida se preciso for, por amor dos teus iguais.
Quem és tu policial, que aprendeste na academia que a arma que ostentas é um símbolo de defesa, jamais de ataque.
Quem és tu, que tomba na mão do fora da lei a qualquer hora. Quem és tu que atende o pedido de socorro sem demora? Ah, meu amigo! Tu és meu irmão, é a ti que eu devo apertar a mão, é a ti que eu devo minha fiel devoção, e não ao vil bandido morto em ação.
Ostenta policial, ostenta o teu distintivo contra o mal.
Sê sempre consciente e corajoso, sempre majestoso em defesa do bem, honra sempre teu juramento, em todo e qualquer momento, sem ver a quem.
Se a infeliz covardia, algum dia tua vida tirar, tu haverás de a encontrar em outro lugar, onde se encontram os irmãos teus, no templo sagrado da casa de Deus

fonte:http://lokolokao.blogspot.com.br/2007/12/frases-e-ditados-de-encorajamento-de.html

sexta-feira, 5 de abril de 2013

David Coimbra: Pobres coitados

O brasileiro é um coitadinho. Eis a característica que unifica um povo tão diverso. Porque o brasileiro pode ser qualquer um: pode ser alto ou baixo ou de altura mediana, pode ser loiro ou negro ou mulato ou moreno, pode ser turco, japonês, alemão, africano. O brasileiro pode ter qualquer aparência, e não é por outro motivo que o passaporte brasileiro é o mais cobiçado pelos escroques internacionais. Mas todo brasileiro se sente um coitado. Todo brasileiro se acha injustiçado. Os chefes dos brasileiros são incompetentes e os perseguem. Os policiais os oprimem. Os governos são ainda piores: extorquem empresários e trabalhadores, e se esquecem do povo.
Ah, o povo. O brasileiro sempre fala no povo como uma gigantesca e impalpável entidade subalterna a outra entidade não tão gigantesca, mas igualmente impalpável: a malévola “Eles”. “Eles” se aproveitam da ingenuidade do povo, “Eles” são corruptos, “Eles” é que estragam um país tão rico e belo, “Eles” não sabem aproveitar as qualidades dessa gente inzoneira, feliz e criativa.
Quem são Eles?
Os governantes, os chefes, as autoridades. A responsabilidade é toda deles.
O brasileiro ganha mal? A culpa é do patrão que o explora. Mora mal? Por causa do Estado, que não financia a Habitação. As filas, a violência urbana, a sujeira das cidades, a carestia — Eles são culpados. A razão do problema nunca está no brasileiro, está fora dele.
Agora mesmo, milhares de brasileiros foram vitimados pelas enchentes em Santa Catarina, e parece que neste caso não dá para atribuir a culpa a ninguém, senão à Natureza inclemente. Aí, como reagiram alguns brasileiros à tragédia que martiriza seus semelhantes? Comerciantes aumentaram os preços dos alimentos e da água potável — li que um litro de água chega a ser vendido a R$ 14. Flagelados não abandonam suas casas com medo de que sejam arrombadas. Depósitos de mercadorias estão sendo atacados. Vi fotos de gente levando produtos de saque pela rua dentro dos próprios carrinhos dos supermercados. Não eram alimentos. Eram TVs de tela plana, eletrodomésticos e bebidas alcoólicas. Uma farra. Para arrematar a festa, os caminhões que tombam nas estradas são saqueados pelas comunidades lindeiras às rodovias e pelos outros motoristas.
É o brasileiro que faz tudo isso. Não são os chefes, nem os patrões, nem os governantes que estão espoliando flagelados, roubando motoristas acidentados ou invadindo casas, supermercados e depósitos. Não são “Eles”. É o brasileiro. O povo. Por sua conta e iniciativa, sem que ninguém ordene ou o obrigue.
O que são essas pessoas que saqueiam caminhões tombados ou casas abandonadas?
Não são oportunistas. São ladrões vulgares.
O que são os homens que aumentam o preço da água potável que saciará a sede dos flagelados?
Exploradores cruéis.
Não são coitadinhos. São mesquinhos, gananciosos e desprezíveis. São grosseiros, velhacos e baixos. São a ralé. A escória da raça humana. São grande parte do povo brasileiro.

fonte:http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=127506&blog=219&coldir=1&topo=3994.dwt

quarta-feira, 27 de março de 2013

EU ENVELHECI?


Um dia desses uma jovem me perguntou como eu me sentia sobre ser velha. Levei um susto, porque eu não me vejo como uma velha. Ao notar minha reação, a garota ficou embaraçada, mas eu expliquei que era uma pergunta interessante, que pensaria a respeito e depois voltaria a falar com ela. Pensei e concluí: a velhice é um presente. Eu sou agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser.
Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos. E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha mãe), mas não sofro muito com isso.
Não trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, e o carinho de minha família por menos cabelo branco , uma barriga mais lisa ou um bumbum mais durinho.
Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica das minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico me censurando se quero comer um bolinho-de-chuva a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama, ou se compro um anãozinho de cimento que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim. Conquistei o direito de matar minhas vontades, de ser bagunceira, de ser extravagante.
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar paciência no computador até às 4 da manhã e depois só acordar ao meio-dia?
Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo!
Andarei pela praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulharei nas ondas e darei pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Eles, também, se conseguirem, envelhecerão.
Sei que ando esquecendo muita coisa, o que é bom para se poder perdoar. Mas, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. E das coisas importantes, eu me recordo freqüentemente. Certo, ao longo dos anos meu coração sofreu muito.
Como não sofrer se você perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito.
Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los a meu bel prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados.
Conforme envelhecemos, fica mais fácil ser positivo. E ligar menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações. Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: "Eu gosto de ser velha". Libertei-me!
Gosto da pessoa que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto estiver por aqui, não desperdiçarei meu tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupando com o que virá. E comerei sobremesa todos os dias e repetirei, se assim me aprouver...
E penso que nunca me sentirei só. Sou receptiva e carinhosa, e se amizades antigas teimam em partir antes de mim, outras novas, assim como você, vêm a mim buscar o que terei sempre para dar enquanto viver: EXPERIÊNCIA E MUITO AMOR!

fonte: internet
autor: desconhecido

domingo, 24 de março de 2013

Poesia: Minha Linda Santa Maria. Publicada no Diário de Santa Maria de 15.03.2013


Minha Linda Santa Maria, por: FSant'Anna


Uma fumaça negra, tomou conta de nosso peito, difícil de dissipar
Os sorrisos e conversas alegres, foram trocados por sussurros e lamentos
Desde aquela madrugada o choro não cessa, alcançando os quatro cantos da cidade
Mais de duzentas vidas inocentes ceifadas de modo banal
A culpa será apurada
A justiça será feita
Mesmo assim a sensação de impotência nos castiga os ossos
Hoje todo Santa-mariense, caminha com o passo pesado, com esse enorme carma sobre os ombros
Um sentimento de perda, de sei lá o que
Talvez por sabermos lá no fundo de nossa parcela de culpa
Culpa dos irresponsáveis, dos omissos, dos incompetentes
Quantas tragédias teremos de passar, para nos tornarmos um povo sério?
A farra acabou, a balada já não tem graça
Que agora minha linda Santa Maria, esse coração amado de nosso quinhão gaúcho, sirva de lição
Todos nós somos um pouco responsáveis, queiramos ou não
Que paremos de brincar de fiscalizar, e de cumprir regras
É o finge que cobra, e o finge que obedece
Que paremos de fingir, e de contar cadáveres
Para que um dia aquele sorriso juvenil, volte a estampar nossa terra amada

terça-feira, 19 de março de 2013

Eu pedi a Deus...

Eu pedi a Deus...
Eu pedi força...
Deus me deu dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi sabedoria...
Deus me deu problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade...
Deus me deu cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem...
Deus me deu perigos para superar.
Eu pedi amor...
Deus me deu pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores...
Deus me deu oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi...
Mas eu recebi tudo de que precisava.


fonte: http://www.mensagensvirtuais.xpg.com.br/Religiosa/Eu-pedi-a-Deus

Carpinejar: "morri em Santa Maria"

O escritor gaúcho Fabrício Carpinejar divulgou um texto falando da tragédia em Santa Maria, intitulado "A maior tragédia de nossas vidas":
Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. Morri sufocado de tanta morte; como acordar de novo? O prédio não aterrisou da manhã, como um avião desgovernado na pista. A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.

Fabrício Carpinejar

Talento Sujo

Já fui taxado como um talento bruto, um talento sujo, um talento burro.
Para o primeiro busquei a razão, “A Critica da Razão Pura”, a filosofia e todos os seus Kants, Platões, Socrates, Tales, Senecas e me tornei critico. “Humano Demasiado Humano”, descobrindo que toda critica até mesmo a pura, nada mais é que Dura.
Para o segundo busquei a salvação. Ser casto. Os santos, as crenças; ser de fé. Purguei, confessei, dancei Candomblé, quis ser Católico. Deixei de ser laico, virei arcaico e descobri ser Caótico.
Para o terceiro li e reli, fadiguei a vista, gastei a vida. Rondéis, acrósticos, artigos, cartas e carretéis; cirandas e contos; vinho tinto, livros e cronicas. Casimiros de Abreu, Machados de Assis, em minha cabeça uma bomba atômica.
Por fim já não era bruto, sujo e burro, já não era um talento.
Autor: FSantanna

A arte de Ser Feliz, de Cecília Meirelles

Houve um tempo em que minha janela se abria
Sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
E o jardim parecia morto.
Mas, todas as manhãs, vinha um pobre com um balde,
E, em silencio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caiam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Ás vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro as nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com os pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me aprecem personagens de Lope de Veiga.
As vezes, um galo canta.
As vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
Que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
Outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
Finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meirelles