segunda-feira, 20 de maio de 2013

O VESTIDO AZUL


Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.
Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas.
O professor ficou penalizado com a situação da menina.
"Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?".
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola.
Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim".
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que
seriam necessários ao bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.

Obs: Poderia ser um vestido amarelo, ou vermelho como do capuchinho vermelho, mas é azul, porque o azul é a cor internacional de polícia, é o símbolo da justiça, da verdade, da lealdade, da serenidade e da caridade. De acordo com a heráldica quem tem a cor azul em suas armas é obrigado a socorrer os necessitados.
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele apenas fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
Quem já viu o filme "A corrente do bem", sabe como é poderoso esse primeiro movimento.
Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive?
Por acaso somos daqueles que somente apontamos os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência que só faz aumentar?
Lembre-se que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.

fonte: Manual de Segurança Comunitária PMPR

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Rio Grande de São Pedro da Vacaria Del Mar ao Celeiro do País, por : Denise Machado Moraes


O Rio Grande do Sul foi aderido tardiamente pelo restante do país, pois em primeiro momento não se enquadrava no sistema de exploração colonial baseado em produção agrícola e mineração. O Estado foi descoberto por volta do século XVI, por meio de expedições e exploração do comércio do Pau Brasil. Recebendo o nome de Rio Grande de São Pedro.

As primeiras iniciativas de colonização do estado se deram em meados de 1605 através dos Jesuítas Portugueses, não obtendo sucesso. Mais tarde os jesuítas espanhóis criaram “Reduções” dedicadas à agricultura, mas acabaram  sendo banidos por volta de 1640 com a penetração dos Bandeirantes que buscavam capturar mão de obra indígena. Os jesuítas evadiram-se para outra margem do Rio Uruguai levando consigo os índios restantes, deixando para trás rebanhos de gado soltos no Pampa.

Esse gado reproduziu-se formando uma imensa reserva conhecida como “Vacaria del Mar”, desse modo surgiu o fundamento econômico básico de apropriação da terra Gaúcha, a preá do gado xucro.
Em torno de 1680 os Portugueses sabendo da “Vacaria del Mar”  passaram a caçar o gado xucro com o objetivo de extrair o couro e exportá-lo a Europa.

A expansão Rumo ao Sul dos Sete Povos Das Missões
A tendência predatória do gado não passou despercebida aos padres jesuítas da Companhia de Jesus, que a partir de 1682 haviam começado a retornar ao estado fundando os Sete Povos das Missões. Alem da atividade de prear o gado os padres passaram a criá-lo nas reduções. Afora a extração do couro os Sete Povos tinham sua base econômica na produção de erva mate.
Os sete Povos tornaram-se importantes centros econômicos com atividades de fiação, tecelagem, metalurgia, ofícios variados e trabalhos artísticos com destaque da arquitetura e escultura.
Desse modo as Reduções tornaram-se unidades econômicas desenvolvidas, praticamente autônomas, passando a ser vistas como ameaça pelas monarquias Ibéricas, resultando em sua expulsão da América e confisco de suas propriedades.
Expansão Rumo ao Sul, economia subsidiaria
Com a decadência da cana de açúcar e descoberta das minas na zona das gerais, ao fim do século  XVII, houve a valorização do rebanho de gado no Sul do país, onde o Rio Grande fornecia o alimento (charque) após operários das minas de ouro, conectando assim o Rio Grande a zona mineradora.
Com o charque rio-grandense produzindo riqueza surge a figura do escravo negro no estado como mão de obra das charqueadas.
Dos anos 1780 a 1801 ocorreu uma nova política de distribuição de terras com o intuito de assegurar a posse da área.
A Província de São Pedro
Em 1835 teve inicio a Revolução Farroupilha que desafiou o governo colonial por dez anos, pela qual se proclamou a Republica rio-grandense em 1838, tendo como líder Bento Gonçalves. O movimento se justificou pela exploração econômica do Rio Grande do sul pelo governo central, o qual cobrava altas taxas sobre o charque.
Os revolucionários almejavam dependência política, mantendo, contudo a continuidade do fornecimento de charque para o restante do país
Em 1945 o movimento chegou ao fim com a assinatura do tratado da paz de Ponche Verde, O Qual previa elevação das taxas ao charque importado, e o direito a escolha do presidente da Província, alem dos Farrapos possuírem o direito de passar para o exército brasileiro com as mesmas patentes com que lutavam nas forças rebeldes.

A economia colonial imigrante
No séc. XIX com a expansão do capitalismo na Europa houve a geração de mão de obra excedente, desta forma firmaram-se acordos, onde os países europeus enviavam mão de obra a países em desenvolvimento, com grandes áreas de terras a serem cultivas e com escassez de mão de obra, causada pelo fim da escravidão.
Neste período esta imigração de seu em duas frentes, em:
Imigração Alemã 1824: desbravamento de áreas ainda não povoadas, estabelecendo como pequenos proprietários de terras, com mão de obra familiar e agricultura de substância. Em um segundo momento desenvolveu o comércio do excedente da produção, destacando a figura do comerciante, que lucrava com o transporte das mercadorias, venda nos grandes centros, acumulo de capital e empréstimos. Com este acumulo de capital gerado pelo comercio passou a investir também na indústria, empresas de navegação, bancos, dentre outros.
Imigração italiana 1875: encontraram maiores dificuldades, pois, as melhores terras já estavam ocupadas e receberam lotes ainda menores que os alemães. Lote este vendido a credito, e acabaram não recebendo todos os incentivos que lhe foram prometidos. Ao chegar encontraram um comercio já estruturado pelos alemães, onde não podendo competir com a venda dos mesmos produtos, acharam uma saída na produção e comercialização do vinho, com grande aceitação no centro dos pais.
A grande ascensão dos produtos coloniais dentre os artigos de exportação, colaborou para que na virada do século o Rio Grande do Sul, fosse conhecido como o celeiro do país.

Formação do Povo Gaúcho:O atual povo do Rio Grande do Sul, resultado da miscigenação ocorrida entre o índio, o negro e o europeu.
O índio que habitante nativo da terra, o negro escravo usado para trabalhar nas charqueadas, e o imigrante chegado a partir de 1824.

Dentre os povos indígenas de maior destaque na formação do estado do Rio Grande do Sul foram os: 

Caingangues: habitavam do planalto mais especificamente ao norte, do tronco cultural Jê. Caçadores, coletores e horticultores. Sobreviviam em aldeias, e construíam casas subterrâneas. Geralmente ocupavam regiões de pinheirais, pois o pinhão fazia parte de sua alimentação básica. 


Charruas e Minuanos: Também conhecidos como assim como outros povos, como Pampeanos, habitantes do pampa, nômades, resultado de continuas mestiçagem. Vinculados ao gado, se transformaram em excelentes cavaleiros, utilizavam boleadeiras e lanças. Alimentação com base na caça, pesca e coleta. Suas habitações se apresentavam de formas variadas, de acordo com o terreno.
Guaranis: Coletores, caçadores e pescadores. Com destaque na horticultura, produção de cerâmica, possuidores de conhecimentos técnicos mais avançados na agricultura, e dominavam o plantio dos porongos e erva mate. Chegaram ao sul os Guaranis oriundos da Amazônia, através de sucessivas migrações. Ocupando planícies litorâneas e vales de rios. Eram temidos guerreiros por suas praticas de canibalismo. Apresentavam a figura do Cacique e valorizavam os Xamãs, pois segundo eles estes possuíam conhecimentos medicinais sagrados.


REFERÊNCIAS:
GOLIN, Tau : O povo do pampa: Uma história de  12 mil anos do Rio Grande do Sul  para adolescentes e outras idades. 2° Ed. Passo Fundo: UPF, 2001.
PASAVENTO, Sandra Jatahy: História do Rio Grande do sul. 9° Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002.

Autora: Denise Machado Moraes

Ando devagar porque já tive pressa…’ Por Antonio Jorge Ferreira Melo


Por Antonio Jorge Ferreira Melo– 9 de maio de 2013

Na última terça-feira (07), acordei pensando em um antigo provérbio judaico que nos confronta com uma pergunta no mínimo intrigante “O que é melhor: um cavalo rápido ou um cavalo lento?”
Em busca de respostas para essa indagação, lembrei-me dos versos de uma canção de Almir Sater e Renato Teixeira, intitulada “Tocando em Frente”, que condiz com muitos momentos que passamos na vida, nesta nossa pós-modernidade, em que temos muita, muita pressa para chegar.
Por falar em pressa, não é sem sentido que Erik Erikson, ao definir as “oito idades do Homem” – estágios pelos quais evoluímos e damos significado às nossas vidas, com cada estágio representando temas e dilemas específicos do viver – tipifica o oitavo e último estágio como o da integridade do ego versus desespero, pois, essa “é a época de recapitular, avaliar e aceitar suas vidas, para que assim possam aceitar a chegada da morte“.
Segundo Erikson, a virtude desta fase do ser humano é a sabedoria. A sabedoria de se compreender que pensar a vida de forma contrafactual, apegando-se ao que deveria ter sido feito, ou ao que poderia ter sido, em lugar de refletirmos sobre nossas conquistas e situações diversas vivenciadas ao longo dos anos, apenas nos impedirá de aceitar que a vida que cada um de nós vive e viveu é de nossa própria responsabilidade, nos distanciando do senso de coerência e integridade que nos protege do desespero, não raro, provocado pelo estar em contato mais imediato com a nossa finitude.
Como nos ensina Lia Luft, somos protagonistas e autores de nossos atos e omissões, de nossas escolhas e opções, das nossas audácias ou intimidações, nossa esperança e fraternidade ou nossa desconfiança, mas, também: “somos inocentes das fatalidades e dos acasos brutais que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideais”.
Aniversário é uma palavra de origem latina que significa “aquilo que volta todos os anos”, ou seja, aquilo que se faz ou que volta todos os anos. Assim, na esteira do pensamento da renomada escritora gaúcha, somos transição, somos processo. E isso nos perturba.
Sim, temos muita pressa para chegar. Quando estamos no ventre materno temos pressa para ver e vir à luz; na infância temos pressa para aprender; adolescentes, temos pressa para descobrir e ter autoridade sobre o mundo e quando estamos na fase adulta temos pressa para adquirir; para ter, mas, aos poucos, com o tempo, a pressa vai embora, dando lugar à calma e à vontade de ter mais tempo para realizar tudo que ainda não conseguimos no tempo que nos resta. Afinal, vez por outra, nos surpreendemos no espelho, perguntando, no melhor estilo de Mário Quintana: “quem é esse que me olha e é tão mais velho do que eu?”.
Ano a ano, o fluxo de dias, semanas e meses que serve para crescer e acumular, também, nos confronta com o perder e limitar, pois, dessa perspectiva é que nos tornaremos senhores, não servos do nosso destino, portanto, devemos resolver como empregamos e saboreamos nosso tempo, que é afinal sempre o tempo presente.
Tem razão Lia Luft, pois, “quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar”. Tem razão Almir Sater: “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz e ser feliz”. Nessa lógica, voltando ao provérbio judaico, chegamos à conclusão, nestes tempos imediatistas, que o melhor deve ser um cavalo rápido. Mas, pensando bem, o tempo me ensinou que a resposta do provérbio aponta para outro raciocínio: o de que bom mesmo é um cavalo lento, pois, se num dia a gente chega, no outro vai embora, mais do que nunca, ando devagar porque já tive pressa de chegar.

fonte:http://aqueimaroupa.com.br/2013/05/09/ando-devagar-porque-ja-tive-pressa/

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O único animal


O homem é o único animal que ri dos outros. O homem
é o único animal que passa por outro e finge que não
vê.
É o único que fala mais do que papagaio.
É o único que gosta de escargots (fora, claro, o
escargot).
É o único que acha que Deus é parecido com ele.
E é o único...
...que se veste
...que veste os outros
...que despe os outros
...que faz o que gosta escondido
...que muda de cor quando se envergonha
...que se senta e cruza as pernas
...que sabe que vai morrer
...que pensa que é eterno
...que não tem uma linguagem comum a toda espécie
...que se tosa voluntariamente
...que lucra com os ovos dos outros
...que pensa que é anfíbio e morre afogado
...que tem bichos
...que joga no bicho
...que aposta nos outros
...que compra antenas
...que se compara com os outros
O homem não é o único animal que alimenta e cuida
das suas crias, mas é o único que depois usa isso
para fazer chantagem emocional.
Não é o único que mata, mas é o único que vende a
pele.
Não é o único que mata, mas é o único que manda
matar.
E não é o único...
que voa, mas é o único que paga para isso
que constrói casa, mas é o único que precisa de
fechadura
que foge dos outros, mas é o único que chama isso
de retirada estratégia.
que trai, polui e aterroriza, mas é o único que
se justifica
que engole sapo, mas é o único que não faz isso
pelo valor nutritivo
que faz sexo, mas é o único que faz um boneco
inflamável da fêmea
que faz sexo, mas é o único que precisa de manual
de instrução.

fonte:http://www.casadobruxo.com.br