segunda-feira, 13 de maio de 2013

Rio Grande de São Pedro da Vacaria Del Mar ao Celeiro do País, por : Denise Machado Moraes


O Rio Grande do Sul foi aderido tardiamente pelo restante do país, pois em primeiro momento não se enquadrava no sistema de exploração colonial baseado em produção agrícola e mineração. O Estado foi descoberto por volta do século XVI, por meio de expedições e exploração do comércio do Pau Brasil. Recebendo o nome de Rio Grande de São Pedro.

As primeiras iniciativas de colonização do estado se deram em meados de 1605 através dos Jesuítas Portugueses, não obtendo sucesso. Mais tarde os jesuítas espanhóis criaram “Reduções” dedicadas à agricultura, mas acabaram  sendo banidos por volta de 1640 com a penetração dos Bandeirantes que buscavam capturar mão de obra indígena. Os jesuítas evadiram-se para outra margem do Rio Uruguai levando consigo os índios restantes, deixando para trás rebanhos de gado soltos no Pampa.

Esse gado reproduziu-se formando uma imensa reserva conhecida como “Vacaria del Mar”, desse modo surgiu o fundamento econômico básico de apropriação da terra Gaúcha, a preá do gado xucro.
Em torno de 1680 os Portugueses sabendo da “Vacaria del Mar”  passaram a caçar o gado xucro com o objetivo de extrair o couro e exportá-lo a Europa.

A expansão Rumo ao Sul dos Sete Povos Das Missões
A tendência predatória do gado não passou despercebida aos padres jesuítas da Companhia de Jesus, que a partir de 1682 haviam começado a retornar ao estado fundando os Sete Povos das Missões. Alem da atividade de prear o gado os padres passaram a criá-lo nas reduções. Afora a extração do couro os Sete Povos tinham sua base econômica na produção de erva mate.
Os sete Povos tornaram-se importantes centros econômicos com atividades de fiação, tecelagem, metalurgia, ofícios variados e trabalhos artísticos com destaque da arquitetura e escultura.
Desse modo as Reduções tornaram-se unidades econômicas desenvolvidas, praticamente autônomas, passando a ser vistas como ameaça pelas monarquias Ibéricas, resultando em sua expulsão da América e confisco de suas propriedades.
Expansão Rumo ao Sul, economia subsidiaria
Com a decadência da cana de açúcar e descoberta das minas na zona das gerais, ao fim do século  XVII, houve a valorização do rebanho de gado no Sul do país, onde o Rio Grande fornecia o alimento (charque) após operários das minas de ouro, conectando assim o Rio Grande a zona mineradora.
Com o charque rio-grandense produzindo riqueza surge a figura do escravo negro no estado como mão de obra das charqueadas.
Dos anos 1780 a 1801 ocorreu uma nova política de distribuição de terras com o intuito de assegurar a posse da área.
A Província de São Pedro
Em 1835 teve inicio a Revolução Farroupilha que desafiou o governo colonial por dez anos, pela qual se proclamou a Republica rio-grandense em 1838, tendo como líder Bento Gonçalves. O movimento se justificou pela exploração econômica do Rio Grande do sul pelo governo central, o qual cobrava altas taxas sobre o charque.
Os revolucionários almejavam dependência política, mantendo, contudo a continuidade do fornecimento de charque para o restante do país
Em 1945 o movimento chegou ao fim com a assinatura do tratado da paz de Ponche Verde, O Qual previa elevação das taxas ao charque importado, e o direito a escolha do presidente da Província, alem dos Farrapos possuírem o direito de passar para o exército brasileiro com as mesmas patentes com que lutavam nas forças rebeldes.

A economia colonial imigrante
No séc. XIX com a expansão do capitalismo na Europa houve a geração de mão de obra excedente, desta forma firmaram-se acordos, onde os países europeus enviavam mão de obra a países em desenvolvimento, com grandes áreas de terras a serem cultivas e com escassez de mão de obra, causada pelo fim da escravidão.
Neste período esta imigração de seu em duas frentes, em:
Imigração Alemã 1824: desbravamento de áreas ainda não povoadas, estabelecendo como pequenos proprietários de terras, com mão de obra familiar e agricultura de substância. Em um segundo momento desenvolveu o comércio do excedente da produção, destacando a figura do comerciante, que lucrava com o transporte das mercadorias, venda nos grandes centros, acumulo de capital e empréstimos. Com este acumulo de capital gerado pelo comercio passou a investir também na indústria, empresas de navegação, bancos, dentre outros.
Imigração italiana 1875: encontraram maiores dificuldades, pois, as melhores terras já estavam ocupadas e receberam lotes ainda menores que os alemães. Lote este vendido a credito, e acabaram não recebendo todos os incentivos que lhe foram prometidos. Ao chegar encontraram um comercio já estruturado pelos alemães, onde não podendo competir com a venda dos mesmos produtos, acharam uma saída na produção e comercialização do vinho, com grande aceitação no centro dos pais.
A grande ascensão dos produtos coloniais dentre os artigos de exportação, colaborou para que na virada do século o Rio Grande do Sul, fosse conhecido como o celeiro do país.

Formação do Povo Gaúcho:O atual povo do Rio Grande do Sul, resultado da miscigenação ocorrida entre o índio, o negro e o europeu.
O índio que habitante nativo da terra, o negro escravo usado para trabalhar nas charqueadas, e o imigrante chegado a partir de 1824.

Dentre os povos indígenas de maior destaque na formação do estado do Rio Grande do Sul foram os: 

Caingangues: habitavam do planalto mais especificamente ao norte, do tronco cultural Jê. Caçadores, coletores e horticultores. Sobreviviam em aldeias, e construíam casas subterrâneas. Geralmente ocupavam regiões de pinheirais, pois o pinhão fazia parte de sua alimentação básica. 


Charruas e Minuanos: Também conhecidos como assim como outros povos, como Pampeanos, habitantes do pampa, nômades, resultado de continuas mestiçagem. Vinculados ao gado, se transformaram em excelentes cavaleiros, utilizavam boleadeiras e lanças. Alimentação com base na caça, pesca e coleta. Suas habitações se apresentavam de formas variadas, de acordo com o terreno.
Guaranis: Coletores, caçadores e pescadores. Com destaque na horticultura, produção de cerâmica, possuidores de conhecimentos técnicos mais avançados na agricultura, e dominavam o plantio dos porongos e erva mate. Chegaram ao sul os Guaranis oriundos da Amazônia, através de sucessivas migrações. Ocupando planícies litorâneas e vales de rios. Eram temidos guerreiros por suas praticas de canibalismo. Apresentavam a figura do Cacique e valorizavam os Xamãs, pois segundo eles estes possuíam conhecimentos medicinais sagrados.


REFERÊNCIAS:
GOLIN, Tau : O povo do pampa: Uma história de  12 mil anos do Rio Grande do Sul  para adolescentes e outras idades. 2° Ed. Passo Fundo: UPF, 2001.
PASAVENTO, Sandra Jatahy: História do Rio Grande do sul. 9° Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002.

Autora: Denise Machado Moraes

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